segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Dois aromas

Saímos andando a esmo: observando a harmonia entre as construções e a natureza, inventando histórias para as largas pedras que compõem as ruas. No meio do caminho, uma livraria-café. Trocamos olhares e um sonoro:

-Fudeu.

Sem pensar mais nada, entramos. Tateamos os livros, espiamos a vida por aquelas janelas. Lá no fundo do casarão, um quintal com jardim a la Tom Jobim, como fez questão de ressaltar o Sérgio – dono do local.

Ali, as plantas crescem com vontade própria, ocupando os espaços, com o direito de serem livres – e selvagens. No meio do poético jardim, um forno de barro, feito o da casa de minha avó. Pude, por um instante, sentir o cheiro do pão quente de minha infância.

Sorri distraída.

Pedimos um café, puxamos a cadeira, dividimos poesia lida em voz alta, cantiga de roda na vitrola e história de vida. Descobrimos o amor que move o lugar, os anseios que fazem o Sérgio abrir as portas do lirismo para quem quiser simplesmente ter a sorte de estar ali.

Pela mesma porta, saímos leves, alguns sonhos reciclados e a certeza de que as boas histórias estão no espreitar da esquina.

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