Meio-dia. Hora exata para entrar em um restaurante e participar da falsa e obrigatória comemoração de se dividir a mesa com desconhecidos. É o momento de sentir-se um forasteiro na terra de pessoas mudas ou, ainda, de escutar conversas privadas em mesas públicas.
Não é mais uma arte tornar-se invisível em um lugar onde não há cadeiras vazias: Ninguém se percebe, não há sequer o pânico de semi-conhecidos.
Nestas horas, há apenas olhos vidrados em seus próprios pratos, perdidos entre a salada e um bom filé.
Solidão que se anuncia na pressa da grande cidade que não tem tempo para a história de seus dias. O almoço, principalmente nos dias úteis, é o melhor anúncio para um estilo de vida independente (na verdade um tanto solitário).
A regra é o não incomodar, não incomodar-se.
O máximo que dirão será um “com licença” ou “o lugar está ocupado?”. É necessário se acostumar: A fala ficará restrita a um pedido de bebida ao garçom. Não sobra espaço, nem ar. Não espere um sorriso, uma cortesia, muito menos um possível amigo. A cidade convida para o almoço, mas traz à mesa a ausência de rostos – e alma.
quarta-feira, 12 de janeiro de 2011
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