terça-feira, 13 de maio de 2014

Diga aí...

...quanta alegria cabe em uma única vida?

(e quanto da vida deve caber em uma única dor?)

...qual a distância segura que os pés devem ficar do chão?

segunda-feira, 5 de maio de 2014

Sobre as pequenas alegrias

Sentada em um dos bancos da orla de Copacabana, calço meu patins. Divido o espaço com um senhor que fala ao telefone, sobre um assunto qualquer. Ao desligar, abre um sorriso e diz:

-Bom dia, minha filha!

Respondo ao bom dia e retribuo ao sorriso. Ele me pergunta do patins, fala que é uma boa atividade física e brinca:

-Haja equilíbrio!

Então ele me conta que já foi triatleta:

-De ponta, minha filha! Hoje, aos 84 anos, me contento com uma corridinha na praia.

Ele me fala sobre a sua esposa, que faleceu em 1996, das tardes de conversa com as senhoras no Parque Garota de Ipanema e demostra uma alegria de viver que não cabe em si.

Como um avô, pergunta a minha profissão e me pede para nunca parar de estudar. Mais do que isso: pede para que eu não faça nada senão por amor.

Nesta hora, me estende a mão, agradece a conversa e diz que vai correr.

-Porque aposentado é quem fica em casa, vendo televisão.

Assim, me deseja boa sorte e muitas alegrias.

- À nós, respondo enquanto aperto a sua mão.

E ele, já ensaiando alguns passos, diz:

-Isso mesmo, a felicidade foi feita para ser dividida – e seguiu seu caminho, me deixando com um coração mais leve e um sorriso nos lábios.

Entre o ir e o vir

Os olhos se perdem na espera. No telão, voos anunciam chegadas, partidas e atrasos. Mãos nos bolsos, braços cruzados, olhos no relógio e agonia no acaso.

Aeroporto é sempre igual: o choro de quem vai e a alma fica. Ansiedade de quem espera parte da vida de volta. Histórias de recomeço e saudade. Tentativas.

Lanchonetes, lojas de roupas, cosméticos e lembranças de viagem fazem parte do cenário. Afinal, sempre fica um presente para a última hora. Enquanto espero, passo os olhos pelas vitrines, me assusto: não consigo me recordar de um aeroporto que tenha uma simples banca de flores.

Um lugar, dado às delicadezas das partidas e chegadas devia, obrigatoriamente, disponibilizar a leveza de um botão de rosa. Penso o quanto seria mais bonito se, ao invés de cultivar as mãos ansiosas nos bolsos, elas pudessem segurar as boas-vindas sinceras de quem se lembrou da gentileza de uma flor?

Esta seria uma forma de potencializar a alegria daqueles olhos que saem do saguão de desembarque, cansados. Uma forma de reafirmar que aquele encontro foi muito aguardado. As flores não substituem os abraços apertados e o sorriso involuntário de todas as chegadas. Elas não são fundamentais, eu sei.

Porém, a minha luta é por manter sempre resguardada a possibilidade da gentileza.