quinta-feira, 24 de julho de 2014

Sinais

Não, a vida não pode ser uma sucessão de acasos. É muito pouco perto do que cabe entre as mãos. Acredito que o destino empurra, mas só o dizer concretiza.

Por isso, é preciso estar atento ao que dobra a esquina e ao que sobra sem dizer.

Esqueça, não existe coincidência: é a vida dando mais uma chance, escancarando diante dos olhos os sinônimos da leveza.

Aos poucos, entendi que é na entrelinha que se constrói aquilo que chamam invariavelmente de destino.

Sobre a reinvenção dos dias

Eu me conto nas saudades e, assim, vou me fazendo: do que não pode esperar e me espreita nos dias. Desmonto as horas e me reinvento enquanto a vida já avançou todas as casas, desmascarou as perdas e ganhos. Guardo apenas o que é sol. Já não sobrevivo, é pouco. Me refaço em qualquer felicidade gratuita.

No espelho

Posso saber o seu nome?
Você que habita meu corpo, me confunde a alma, troca os pés para abrir caminhos com as mãos.

Você que me trava a batalha,
Traz força e resposta,
mas distrai os dias para reaprender a andar.

Posso saber o que te move, o que te faz feliz?

Quero saber como chegou até aqui,
como substituiu os dentes do meu sorriso e agora já não quer partir.

O fardo é menor, seu nome é saudade?

Quando foi que você me deixou assim? Anacrônico, quase anárquico, análise tola e desnecessária?

Posso saber o que você pretende?
Aonde mesmo fica o Porto?
Responda,
é preciso içar as velas.

Quando mesmo é que você me convence? A primeira batalha é silêncio. O resto, inspiração?

Você sabe dizer, por favor, quando é que eu me transformei em mim?