segunda-feira, 5 de maio de 2014

Entre o ir e o vir

Os olhos se perdem na espera. No telão, voos anunciam chegadas, partidas e atrasos. Mãos nos bolsos, braços cruzados, olhos no relógio e agonia no acaso.

Aeroporto é sempre igual: o choro de quem vai e a alma fica. Ansiedade de quem espera parte da vida de volta. Histórias de recomeço e saudade. Tentativas.

Lanchonetes, lojas de roupas, cosméticos e lembranças de viagem fazem parte do cenário. Afinal, sempre fica um presente para a última hora. Enquanto espero, passo os olhos pelas vitrines, me assusto: não consigo me recordar de um aeroporto que tenha uma simples banca de flores.

Um lugar, dado às delicadezas das partidas e chegadas devia, obrigatoriamente, disponibilizar a leveza de um botão de rosa. Penso o quanto seria mais bonito se, ao invés de cultivar as mãos ansiosas nos bolsos, elas pudessem segurar as boas-vindas sinceras de quem se lembrou da gentileza de uma flor?

Esta seria uma forma de potencializar a alegria daqueles olhos que saem do saguão de desembarque, cansados. Uma forma de reafirmar que aquele encontro foi muito aguardado. As flores não substituem os abraços apertados e o sorriso involuntário de todas as chegadas. Elas não são fundamentais, eu sei.

Porém, a minha luta é por manter sempre resguardada a possibilidade da gentileza.

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