segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Na Tijuca

A primeira vez que estive na Tijuca ainda não morava no Rio de Janeiro. Depois de ver o bairro correr pela janela do ônibus, sentenciei:

- Eu moraria aqui.

Acontece que a vida me instalou na altura da Afonso Pena. E, quase cinco anos mais tarde, posso dizer que me sinto em casa.

Desde o primeiro dia, me atraiu essa coisa de comércio misturado com residencial, algum verde no horizonte e a quantidade de crianças brincando na praça nos finais de tarde. Pra mim, este é o principal termômetro: um local onde o espaço é ocupado pela algazarra de se correr livre no parquinho é sim um bom lugar pra se viver.

Acontece que vim morar numa rua sem saída. Com duas creches e uma escola de inglês. As minhas entradas e saídas são repletas de pais que levam pelos braços seus pequenos. De chorinhos no portão dos que ainda não entendem porque estão ali. Do abraço na amiguinha e tchau em pequenas mãos que ainda rabiscam as primeiras perspectivas a cada final de tarde.

No meu dia sempre tem boa noite do porteiro da creche, com um sorriso largo no rosto de quem tem a certeza de que aprende mais do que ensina. Sempre tem uma criança que sai correndo desgovernada e outra que olha com curiosidade os micos que habitam as árvores da rua.

E nessas horas eu só penso no privilégio de poder participar dessa dinâmica, de alguma forma. São crianças que não sei o nome, nem a história e, ainda assim, me salvam ao tirar a poeira dos olhos, todos os dias.

Nenhum comentário: