segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

O mais bonito clichê

Da minha mesa, observo um casal. Ela, olhos no celular enquanto esperam o garçom trazer a conta. Ele, com os cotovelos apoiados na mesa, começa a cantar:

-Quis evitar teus olhos, mas não pude reagir...Fico à vontade então. Acho que é bobagem a mania de fingir, negando a intenção...

Fico tensa, esperando a reação da moça, mais ou menos da minha idade, cabelos presos num coque alto, enquanto a voz do rapaz ecoa no salão interno (e vazio) do bar-livraria.

Mas, antes que meu desespero se concretizasse, ela levanta os olhos, esquece a tecnologia, abre um sorriso e continua:

-Quando um certo alguém cruzou o meu caminho e mudou a direção...chego a ficar sem jeito, mas não deixo de seguir a tua aparição.

Sorrio aliviada.

Os amores correspondidos me acalmam, aquecem e me fazem seguir. Mesmo que num clichê de uma música do Lulu.

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