quinta-feira, 4 de junho de 2009

Ajudante de mágico

Ele é ajudante de mágico. Com seus seis ou sete anos, pequeno, mirrado e ajudante de mágico. Em sua casa, parte da ilusão do circo foi abalada: conhece os truques, sabe das mágicas, um observador atento aos truques do pai.

Durante a apresentação, parece uma miniatura de mágico, com seus sapatos lustrados, calça preta e camisa branca, com a manga dobrada. Observa a mesa flutuar, a garrafa de refrigerante sumir, o relógio aparecer dentro da lata lacrada de achocolatado. Seus olhos não demandam surpresa e não sorri, como o respeitável público. Apenas observa as mãos atentas do pai.

Segura as bolsas das assistentes retiradas da platéia, é um coadjuvante mudo, porém não cabisbaixo, parece ter orgulho em ser o ajudante do grande mágico. Anda pra cá, volta pra lá, sempre em um passo manso de quem não quer chamar a atenção ou está prestes a desaparecer no ar.

Ao final, distribui cartões com peixes pulantes enquanto o homem vende mais algumas ilusões momentâneas. Ao final, vai embora para casa, de mãos dadas, admirado com o pai e não com a mágica.

4 comentários:

zé disse...

melhor texto seu na minha opinião. Muito, muito, muito bom.

Anônimo disse...

uma imagem e tanto...

achei teu blogue por acaso, gostei dele! adicionado!

aron

Lisandro Nogueira disse...

Ana Flávia,
seu texto me lembrou o Milordi, um mímico que anda por aí...um artista. Gostei do seu blog.

Lisandro Nogueira disse...

Ana,
você conhece o Milordi, um mímico que anda em Goiânia fazendo espetáculos: seu texto me lembrou as performances dele.
Um abraço,
Lisandro