terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Pra não me perder ao final da tarde

Minha casa é o mundo: nem lá, nem cá. Um lugar suspenso, perdido e encontrado. Meu lugar é saudade - daquela cheia de motivos e nomes.

Eu colecionava verdades em potes coloridos, hoje as cores tomam o ar e se fazem na ausência ou junção.

Minha casa é a ponte, qualquer elo ou verdade. Não há janelas, nem portas, apenas destinos cruzados em um lugar chamado “não sei onde”.

Minha casa é a chuva, o vento e o que vier. É a verdade, mesmo que crua ou torta. Eu costumava ter mais certezas. Hoje restaram as dúvidas e toda a pontuação.

Eu costumava ver mais talvez em uma felicidade descabida.  Hoje, qualquer alegria me serve, qualquer tamanho de sonho bom.

 Aprendi a viver pelos motivos mais justos ou certos. Minha casa é suspensa, minha alma canção. Se quiser companhia, me estenda o abraço, me tenha nas mãos.

Se estiver ao meu lado, me diga a verdade, me olhe nos olhos. Eu prometo mostrar o mundo escondido em um assobio distraído de realidade.

Aí, então, eu contarei o nome da rua, o número suspenso da casa e terei nos dias qualquer motivo para não cultivar felicidades ao avesso.

2 comentários:

Marília disse...

Você é pura poesia.

Eu fico procurando nas entrelinhas alguma pista pra relacionar o que você escreve, com o que você vive. Posso estar forçando a barra, mas eu acho muita coisa. aheuahe

Como pode uma pessoa com essa inspiração toda?
Me empresta?
A tarde eu te devolvo!

... disse...

A morada mais fechada que existe somos nós. Nestas casas só habitam, as pessoas que conseguem enxergar uma fresta de luz lá dentro. Mas será que as pessoas estão dispostas em arriscar olhar a casa do outro assim, de dentro para fora? Abraços. Amanda Barreto.