quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Esquinas da escrita

O Rio de Janeiro desperta em mim a vontade compulsiva pela escrita. As referências à alguns escritores prediletos estão espalhadas por aí. Aqui, música e literatura se misturam - e não falo dessa coisa de novela de Manoel Carlos de andar no Leblon ou Copacabana cantando bossa em inglês.

Na travessa do Ouvidor, no meio do caos do centro da cidade, está a antiga sede da Academia Brasileira de Letras e todas as referências ao bruxo do Cosme Velho. No Ouvidor também repousa a imagem de Pixinguinha, imortalizado em uma estátua de bronze - e que parece ministrar o caos e a pressa de quem passa e não vê.

Procuro João do Rio, ou ao menos o Rio de João, nas esquinas, becos, nos velhos casarões. Procuro o Rio de João nas ruas que, de alguma forma, ainda estão lá.

É só no Rio que você pode cruzar com o Ferreira Gullar, cheio de sacolas e se arrepender de não ter sido inconveniente, de não ter trocado uma palavra, de sei lá, não ter oferecido ajuda com as compras.

É só no Rio que você vê a Ipanema do compositor e grande escritor "Vininha" e os bares que Rubem Braga freqüentava com seus amigos raros. Aqui está a Copacabana de Braga (Ai de ti!), o amarelinho de fim de tarde na Cinelândia, a Biblioteca Nacional, o Gabinete Português de Leitura.

Aqui está o subúrbio, a ilusão e amores cantados por Chico, Melodia, Cartola e tantos outros. O Rio carrega na alma a alma de muitos que fizeram desta cidade o palco de suas histórias, deixando no ar uma mistura de realidade e ficção.

Aqui está a literatura espalhada pelos cantos, aquela que foge das livrarias e toma as ruas, povoa o ar e encanta a cada esquina do saber andar pelo o que já foi escrito.

(Rio, Janeiro de 2010)

2 comentários:

Carlos Alexandre disse...

Subscrevo, Aninha!

Quis escrever esse texto após me encantar definitivamente pela Cidade Maravilhosa. Não o fiz. Você fez, e muito bem. Transmite o seu encantamento e me deixa, digamos, aliviado por ter lido.

Beijabraços,

Carlos

Anônimo disse...

Um tal de orgulho passa por mim quando vejo as escritas da minha asmiga.

SLOTY(nem precisava assinar ne)