segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Perfumes e espinhos

Como novidade, eu trouxe uma roseira. Talhei em madeira as verdades que não dá pra ouvir, retirei as cercas elétricas e abri as janelas.

Do passado, eu trouxe pés leves, propícios ao vôo, propícios a qualquer alegria momentânea, a qualquer loucura não pensada.

Para o futuro, uma caixa de sorrisos, um dia no inferno pra sobrevida em paraíso constante do saber viver.

Eu trouxe uma roseira. Pra saber dos espinhos, pra saber dos amores, pra saber da delicadeza. Eu trouxe uma roseira pra saber o luar, o lugar, o alguém.

Você não sabe?

Pois deveria saber que o saber vai além do cheiro das páginas de um livro velho.

Para você, eu trouxe um caderno em branco. Nem linhas há. O destino precisa seguir seu próprio punho, o entortar das letras, precisa da sua decisão para fazer um caminho.

Você ainda carrega no bolso aqueles bilhetes que já não recorda o remetente? Eles se transformaram em recados seus para você.

Eu juro que há algo pra se entender e uma porção de coisas para ignorar. Porém, as lembranças devem ser mantidas. Por isso a roseira, o perfume e os espinhos.

(Texto publicado no Essa Moça Tá Diferente! no dia 25 de setembro de 2009)

Um comentário:

Anônimo disse...

prefiro o cheiro de um livro novo.