O caminho para o trabalho é feito no meu carro. Tenho um remoto controle do que vejo enquadrado pelas minhas janelas. Entre outdoors descascados e placas de sinalização, encontro os mesmos rostos desconhecidos, porém familiares.
Com certa freqüência, encontro, na esquina de minha casa, um senhor de cabeça branca e mãos enrugadas, porém firmes. Ele segue seu caminho em uma mobilete barulhenta. Não sei qual é o destino do motociclista, mas gosto da vida que salta de seus olhos.
Outros personagens encontro no vermelho dos sinaleiros: o casal que vende mel, com tiras imensas da mercadoria nos ombros, sempre simpáticos, sempre sorrindo. Há também o bêbado que pede dinheiro para voltar para casa. Todos os dias ele é assaltado nas proximidades de um hipermercado.
Na avenida Independência está o senhor que ganha um trocado como estátua viva. Ele reveza: há dias em que é de bronze, noutros prata, em alguns de barro e nos últimos dias: Michael Jackson. A maquiagem branca, a luva e os óculos espelhados fazem do rei do pop o seu sustento.
Logo cedo, cruzo com Joões, Raimundos, Josés e Pedros: catadores de papel que se reúnem atrás de um centro de moda atacadista da cidade. Alguns levam a família em seus carrinhos, filhos empoleirados em castelos de papelão e sucata.
São esses personagens que me acordam, é para eles o meu “bom dia” e “boa tarde”. É para eles o meu primeiro sorriso, mesmo nos dias em que os dias não amanhecem bem. São eles que me chacoalham e tiram a poeira das retinas, são esses rostos desconhecidos, assim tão familiares, que me mostram que a vida, lá fora, continua, mesmo quando a gente decide reclamar com a boca cheia.
Com certa freqüência, encontro, na esquina de minha casa, um senhor de cabeça branca e mãos enrugadas, porém firmes. Ele segue seu caminho em uma mobilete barulhenta. Não sei qual é o destino do motociclista, mas gosto da vida que salta de seus olhos.
Outros personagens encontro no vermelho dos sinaleiros: o casal que vende mel, com tiras imensas da mercadoria nos ombros, sempre simpáticos, sempre sorrindo. Há também o bêbado que pede dinheiro para voltar para casa. Todos os dias ele é assaltado nas proximidades de um hipermercado.
Na avenida Independência está o senhor que ganha um trocado como estátua viva. Ele reveza: há dias em que é de bronze, noutros prata, em alguns de barro e nos últimos dias: Michael Jackson. A maquiagem branca, a luva e os óculos espelhados fazem do rei do pop o seu sustento.
Logo cedo, cruzo com Joões, Raimundos, Josés e Pedros: catadores de papel que se reúnem atrás de um centro de moda atacadista da cidade. Alguns levam a família em seus carrinhos, filhos empoleirados em castelos de papelão e sucata.
São esses personagens que me acordam, é para eles o meu “bom dia” e “boa tarde”. É para eles o meu primeiro sorriso, mesmo nos dias em que os dias não amanhecem bem. São eles que me chacoalham e tiram a poeira das retinas, são esses rostos desconhecidos, assim tão familiares, que me mostram que a vida, lá fora, continua, mesmo quando a gente decide reclamar com a boca cheia.
3 comentários:
Eu sempre noto as pessoas do meu caminho de todos os dias. Já tenho os meus amigos que esperam em determinadas portas do metrô, incluindo o meu romance com o carinha da segunta porta; mas eu não largo da primeira e a gente só se olha de longe, com vontade de dizer bom dia. Tem também os meus amigos que sabem o qeu quero comprar para o café da manhã... Tem também a escada rolante de onde sai o meu sorriso pro eixo monumental e a pilastra que escora o sol, que eu contei no meu texto vento candango. É bonito o movimento na rua né?! heheh
adoóóóóron observar!
;***
Quantos rostos estranhos e familiares passam no nossa vida?Somente poucas pessoas como você os enxerga. Raríssimas transportam esse relaciomento quase silencioso para um texto(tão belo!)
No início, a intertextualidade com a Calcanhotto já anunciava um belo texto, mas superou as expectativas.
"São eles que me chacoalham e tiram a poeira das retinas" Seus textos tb tem essa função, Ana.
bjoo
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