sexta-feira, 25 de abril de 2014

De algum lugar do futuro


Ana, hoje você completa 18 anos. Eu sei, neste momento você acha uma urgência em tudo: conseguir entrar na faculdade, tirar carteira de motorista, conquistar muita coisa. Eu sei que sempre manteve o sonho de ser a dona da história. Mas, em uma tentativa de dar o tombo no futuro, voltei uma década para promover este encontro. Agora, entre o que fui e o que me tornei, não tenho medo em dizer:

-Não envelheça tão rápido.

E não falo de linhas de expressão. Você, aos 28 anos, se sentirá mais bonita que nunca. Trato aqui da leveza que vai perder na próxima década se continuar por esta estrada. Escrevo do futuro apenas pra alertar, pra fazê-la forte.

Não tenha pressa em conquistar. Um lugar no mundo, um amor, uma verdade absoluta (com esta última, nem perca seu tempo, risque do seu caderno pro futuro).

Não se leve tão a sério.

Assuma apenas as responsabilidades que cabem em suas mãos. Esqueça essa coisa de abraçar o mundo, apenas se importe. As pessoas precisam tropeçar em seus próprios pés e você, por favor, entenda isso.

Aceite que às vezes as coisas dão certo, noutras, a nossa mira passa longe. Por isso, perca mais o ar. Mantenha as suas crises de riso.

Nos próximos anos, indague: porque com o tempo, você tenderá a deixar de lado tantas perguntas apenas como forma de não se chatear. Lembre-se que é preciso passo após passo se realmente quiser mudar a paisagem.

Ana, venho pedir para que, nos próximos anos, tenha o pulso firme, mas as mãos leves. Pare de ir até onde o corpo aguenta. Vá apenas até onde a cabeça deixa. Você não precisa dar conta de tudo e não precisa de nada que não queira.

Trago a boa notícia de que, nestes anos todos, você não perdeu a firmeza. Você sabe querer. Mas, peço: não seja tão dura com as suas próprias respostas. Na última década, você foi se tornando quase irredutível. Se permita chorar. Se permita chutar o balde às vezes. Você desaprendeu a recuar e isso, definitivamente, não pode ser bom.

Venho dizer que os anos serão tranquilos, apesar de algumas tempestades e um leve desespero. Mas, por sorte, você não perdeu a capacidade de ver o lado bom de tudo o que não soa tão bem assim.

Por fim, venho implorar para que você seja gentil, Ana. Principalmente com você. A vida está apenas começando.

Não se assombre com os becos e esquinas. Apenas caminhe.

A gente se encontra logo mais.

Um comentário:

Anônimo disse...

Caramba! foi vc quem escreveu isso, Ana? é bonito, gostei