sexta-feira, 15 de maio de 2009

Sobre paredes, finais de semana e repartições públicas

Quem foi o inventor dos sistemas de ventilação coletiva para prédios públicos? Um dia quente demais, noutros é preciso montar uma fogueirinha no meio do escritório. A blusa já conquistou lugar cativo no carro, junto com o pacote de bolachas para tomar café da manhã ao volante.

Em repartições públicas, paredes são artigos de luxo, há apenas um mar de divisórias, mini-salas com parede de compensado e vidro. As conversas são públicas, a tela do computador também é, vivemos em um voyerismo constante com os trabalhadores da sala ao lado. Ouvimos as piadas, as reuniões, as conversas ao telefone, vemos as visitas no orkut e em sites oficiais. Sabemos os horários de cada um. Incluso a ordem de chegada na repartição.

Às sextas-feiras a quantidade de gente cai consideravelmente e o fluxo de trabalho cresce. Às segundas, a maioria chega após as 9 horas e sai mais tarde que o de costume. Quando o telefone toca, é preciso dez segundos para distinguir de qual lado da divisória sai o som. Há dias em que há uma sucessão de “repartição fulano de tal, bom dia” seguido do som intercalado do telefone - do outro lado do compensado e vidro.

As repartições públicas, olhadas pelo lado de dentro, não são tão burocráticas quanto parecem. Há vida - e pessoas com vontade de produzir cada vez mais, apesar da fama de trabalho manso. Há egos e pilhas de formulários e como em qualquer empresa privada, há limites. A diferença é que não trabalhamos aos finais de semana e as paredes...ah, bom deixar para lá.

Um comentário:

marília disse...

em repartições públicas existe o grupo que gostaria de trabalhar mais, porém não trabalha e o grupo que gostaria de trabalhar bem menos, ou nada, mas mesmo assim trabalha.

É dura essa vida..
Mas pelo menos te dá inspiração! ahuehau